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Autor: Scholé
Ensino a Distância – Porque é que as escolas o utilizaram?
A pandemia de COVID-19 forçou o fechamento da maioria das escolas básicas e secundárias em todo o mundo.
Com a incerteza do regresso à aprendizagem presencial, as escolas viram-se obrigadas a planear e implementar uma abordagem de ensino à distância, uma vez que a educação é mais do que a aquisição de conhecimentos, pois ajuda a sustentar o bem-estar mental e físico e oferece estabilidade e esperança para o futuro (INEE, 2004),
Naquele momento, os professores enfrentaram seu primeiro desafio: a transição do ensino presencial para o online, enquanto havia uma pandemia a acontecer. Não houve tempo para pré-planear quaisquer aulas nem para criar quaisquer recursos especiais para serem utilizados no ensino à distância, uma vez que não houve tempo ou aviso prévio.
Assim, os professores tiveram de usar o tipo de recursos e ferramentas que tinham disponíveis na época, como sites, software ou atividades assistidas por computador que intencionalmente focam e facilitam a aprendizagem via Internet (Saadé et al., 2007).
Existem diferentes formas de aprendizagem online. Os professores tentaram encontrar um equilíbrio, entre aulas assíncronas e síncronas. A aprendizagem assíncrona acontece quando os alunos estão a aprender sem a presença de outros. Nas aulas síncronas, os alunos podem interagir com outra pessoa ou um grupo de pessoas, aprendendo online e comunicando simultaneamente.
Mais tarde, quando as escolas foram autorizadas a reabrir, ocorreu o ensino híbrido, já que muitas turmas tinham alunos que adoeciam e eram mandados para casa para recuperar. Neste formato de ensino misto, os professores estavam a dar uma aprendizagem presencial e, de repente, tinham de mudar para um ambiente online, voltando ao presencial assim que a turma regressasse à escola.
Ensino a Distância – Os desafios que a comunidade educativa enfrentou
Foram muitos os desafios que toda a comunidade educativa (professores, alunos, pais,...) teve de enfrentar.
Para os alunos, ser privado de uma interação presencial, que estavam habituados a ter todos os dias, deixou um sentimento de solidão e isolamento. Mesmo que pudessem ter aulas síncronas, onde podiam ter interações em tempo real e usar as redes sociais para conversar e manter contato (De Paepe et al., 2018; Dumford e Miller, 2018), essas estratégias ainda não eram suficientes para que eles se sentissem apoiados e em contato com seus amigos como costumavam estar.
Para além do impacto social e emocional que a distância e o isolamento trouxeram, muitos alunos debateram-se com desafios tecnológicos sentindo que não foram ensinados a utilizar a maior parte da tecnologia e dos recursos que lhes foram apresentados, deixando a sensação de que a sua literacia digital não foi suficientemente trabalhada.
Um terceiro desafio que acabou por afetar os alunos, mas também os professores, foi a motivação e a vontade para aprender usando essas tecnologias (Cook e Steinert, 2013; Davis et al., 2007; Laos e Gonzales, 2005; Leire et al., 2016; Saadé et al., 2007; Zhang e Lin, 2020).
Quanto aos pais, tiveram de se adaptar ao trabalho remoto enquanto apoiavam os filhos nas atividades escolares e na adaptação ao ambiente online.
Isso foi muito difícil e stressante para as famílias, pois implicou um grande ajuste em termos de uso dos espaços físicos da casa, uma vez que era necessário garantir que os diferentes elementos tivessem as condições mínimas para poder realizar seu trabalho de forma eficiente.
Os professores também enfrentaram alguns desafios.
Como mencionado acima, a mudança repentina no ambiente online fez com que os professores tivessem pouco ou nenhum tempo para se preparar ou para ajustar suas aulas ao ensino a distância que iria acontecer. E, de fato, o uso de tecnologias on-line demora muito tempo e requer uma grande preparação dos professores para garantir que os alunos tenham as melhores experiências de aprendizagem possíveis.
Os professores de STEM, apesar do seu conhecimento da tecnologia, também enfrentaram desafios semelhantes. Como é sabido, para ensinar STEM de forma eficaz, os professores precisam dominar o currículo pedagógico (Tschannen-Moran e Hoy, 2001) para que possam aumentar sua autoeficácia quando se trata de abordar esse currículo.
No entanto, os professores de STEM, como a maioria dos professores, frequentaram cursos para melhorar suas competências na aprendizagem presencial, não em conteúdos relacionados à aprendizagem num ambiente online, uma vez que estas não pareciam ser necessárias (Fox, 2004).
Além disso, os professores acharam muito difícil evitar as ausências dos alunos, que muitas vezes não frequentavam as atividades e manter os alunos motivados e envolvidos nas propostas, uma vez que a sensação geral era de que os alunos não entendiam muito bem como iriam aprender online (Fox, 2004).
A dificuldade em dar ou receber feedback mais imediato e em pedir ajuda num momento de dúvida levou os alunos a sentirem mais dificuldade em compreender o ambiente online como um ambiente de aprendizagem, levando-os a negligenciar a conclusão de tarefas e a não serem capazes de ser responsáveis pela sua própria aprendizagem.
Quando se trata de encontrar recursos para usar nas aulas on-line, os professores experimentaram muitas dificuldades em ser capazes de encontrar recursos gratuitos e de alta qualidade que se encaixassem em seu método de ensino. Muitas vezes, estes recursos digitais tiveram de ser alterados e adaptados para corresponder não só ao currículo, mas também às necessidades dos alunos. Esses ajustes consomem muito tempo e implicam um conhecimento considerável de tecnologia, que muitos professores não tinham.
Ensino a Distância – Sucessos e melhorias
Integrar a tecnologia em momentos de aprendizagem online é um processo complexo.
Embora não seja fácil avaliar o impacto da pandemia na aprendizagem dos alunos, podemos extrair alguns aspetos positivos desta experiência.
Estudos mostram que houve uma melhoria nas competências digitais dos alunos. Com o tempo, tem-se notado um maior envolvimento dos alunos nas atividades online e um reforço da sua autonomia na utilização de ferramentas digitais ou no trabalho em algumas tarefas.
Houve também um impacto positivo nos professores, que melhoraram as suas competências digitais e a utilização de ferramentas digitais.
No geral, os professores sentem a necessidade de melhorar continuamente as suas competências digitais e procurar mais ferramentas tecnológicas que lhes permitam aceder aos conteúdos e abordá-los de uma forma interessante e desafiante, o que ajuda os alunos a trabalhar a sua autonomia. No entanto, os professores também precisam encontrar recursos que permitam que os alunos tenham acesso a feedback que os oriente na busca de respostas e no esclarecimento de dúvidas.
Referências: